Sicretismo Religioso. Certo ou errado?


Salve, salve, Galerinha do Bem!!!



Hoje quero falar de um assunto que considero delicado mas importante falar, que é o sincretismo religioso. É preciso entender porque o sincretismo religioso surgiu, como ele ocorreu, por quê ele ocorreu e para isso é preciso revisitar a História do Brasil na época do Ciclo da Cana de Açúcar, época em que o tráfico negreiro iniciou e alcançou seu apogeu.

Sem sombra de dúvidas esse é um capítulo da História de nosso país da qual não devemos nos orgulhar. Desde que o Brasil foi descoberto pelos navegadores portugueses muitas pessoas morreram entre nativos e africanos em função dos maus tratos e dos trabalhos forçados até a exaustão.

Como sabemos a primeira tentativa de escravidão no Brasil ocorreu com o nativo, que foi denominado índio, pois os portugueses acreditavam ter alcançado as Índias onde iriam comprar seda e especiarias. 

Essa tentativa, feliz ou infelizmente, não deu certo, pois o nativo brasileiro não estava acostumado ao tipo de trabalho que lhes fora imposto, tampouco era resistente às doenças trazidas pelo colonizador europeu, como a gripe. Muitos nativos morreram doentes ou vítimas do trabalho forçado ou maus tratos a que eram submetidos, inclusive castigos físicos.

Escravizar o nativo não foi uma ação bem sucedida o que obrigou o colonizador a buscar suas vítimas em outros locais foi assim que chegaram à África onde encontraram homens e mulheres de compleição física mais robusta e adaptados ao trabalho pesado sob sol forte e até mais resistentes à doenças que o nativo brasileiro.

Os africanos foram trazidos ao Brasil de forma totalmente desumana. Vieram amontoados nos porões de navios, conhecidos como negreiros, sem condições sanitárias tampouco alimentação e hidratação adequadas o que tornava um ambiente propício à doenças, que inclusive, levou muitos à morte durante a viagem. Ao chegar em solo brasileiro essa situação não mudou muito. Eram vendidos como mercadorias e eram amontoados em alojamentos precários com pouca ou nenhuma alimentação.

Os africanos podem ter sido privados de sua liberdade, de sua terra, de sua vida, mas o colonizador não conseguiu tomar-lhes a honra, a dignidade e a religiosidade, que trouxeram plantadas dentro de si e a cada agressão sofrida, cada dor impingida, aumentavam. Dessa forma os africanos mantiveram o culto a seus Orixás, Minkisi, Voduns, porém havia um fator que as vezes complicava a convivência a origem diversa.

O colonizador português, católico, com medo da religiosidade africa, e convenhamos, eles detinham muito conhecimento sobre encantamentos, feitiços e o poder das folhas, proibiu os africanos de cultuarem, louvarem suas divindades com medo de que fizessem algum mau a eles ou sua família e como segunda forma de violência impuseram sua língua, sua fé e o uso de nomes cristãos.

Diante desta violência moral os africanos estudando as vidas dos santos católicos começaram a perceber que muitos qualidades dessas pessoas ditas santas eram similares as qualidades de suas divindades e como forma de conseguir cultuar suas divindades de forma velada passaram a associar os santos católicos aos Orixás, Minkisi, Voduns para que não sofressem perseguição ou punições de seus "donos".






Naquela época os santos eram entalhados em madeira ou modelados em barro, diferente de hoje, que são feitos de gesso ou resina. Devido a essa característica dos santos as imagens eram escavadas e os fundamentos de asè das divindades eram escondidos dentro da imagem, daí surgiu a expressão "santo do pau oco", mais tarde com o ciclo das minerações os mesmos santos também eram utilizados para esconder ouro e pedras preciosas que eram utilizadas para a compra de cartas de alforria.

Dessa forma, enquanto o "senhor" pensava que dançavam em honra ao santo católico os africanos dançavam em honra a uma força que transcende a imagem de barro ou madeira. Dançavam em homenagem a uma força viva, pulsante no íntimo de cada iniciado.

O Sincretismo religioso em função da regionalidade sofre algumas variações em relação a algumas divindades como Ogum que em São Paulo e Rio de Janeiro é sincretizado com São Jorge e Oxum que em São Paulo é sincretizada com Nossa Senhora Aparecida e no Rio de Janeiro com Nossa Senhora da Conceição.

Por fim depois de escrever tantas coisas posso expressar meu ponto de vista. Durante muito tempo eu fui a favor de se manter o sincretismo religioso, pois acreditava ser uma forma de não "chocar" as pessoas que vêm a um terreiro pela primeira vez, mas hoje já temos entendimento e civilidade suficientes para compreender que nossas divindades NÃO SÃO, NUNCA FORAM E NUNCA SERÃO demônios.

Assim sendo eu acredito e defendo que é responsabilidade de cada sacerdote, pai de santo, padrinho, zelador, como queiram ser tratados, esclarecer os frequentadores de suas casas quanto ao caráter divino de nossas divindades.


Meu abraço fraterno a todos.



Daniel
O Japa Umbandista



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